Uma terra, um cantinho no coração de todos nós, cheio de tradições e alegria. Um pouco de cada um de nós que somos de lá ou temos lá alguém. Trata-se de Pendilhe, a nossa raiz. Um pouco de nós. Não é apenas mais uma aldeia do nosso Portugal. Trata-se de uma aldeia única. Um ponto no mapa que se realça de significado perante quem já passou por lá. Cada pedra tem uma história para contar. Cada pedra encerra um segredo, uma relação de intimidade sempre presente...
Sunday, September 18, 2005
Thursday, September 15, 2005
Quem passou no último meio ano em Pendilhe já deve ter notado grandes mudanças paisagísticasno largo da Latada e meio envolvente. As hortas foram tomadas por um assalto repentino, reviradas para dar lugar a uma casa de banho pública acompanhada de um enorme largo à sua frente para a construção de um anfiteatro. Quem chega de visita assiste a um fenómeno desolador: o coração de Pendilhe destruído, descaracterizado e toda a sua essência assassinada. As suas hortas (os quintais das casas da vila, muito férteis e rigorosamente divididos, muitos deles com apenas 2 metros quadrados, que eram cultivados ao longo de inúmeras gerações) desapareceram em entulho, gravilha e escombros, sendo expropriadas aos proprietários. A vista da igreja ficou pertubada para quem chega à latada vindo pela estrada de alcatrão.
Completamente desolador...
Como se não bastasse, as fontes da Latada (o seu ícone de relevo onde as pessoas iam beber quando passavam com os animais ou então quando vinham da missa ou novena) foram removidas estando as suas pedras aleatoriamente baralhadas à beira da estrada de alcatrão que segue em direcção à latada, ao dispor de qualquer um. Pedras datadas do ano de 1892 foram postas ao abandono entre urtigas e outras ervas daninhas completamente desprezadas.
A casa de banho pública está completamente fora de contexto do lugar em que está inserida visto ser feito de tijolo, numa terra em que o recurso mais abundante além da água é a pedra.
Actualmente as obras da construção deste mamarrache, uma aberração arquitectónica que viola decerto todos os parâmetros ao nível paisagístico e de contextualização histórica estão paradas. Isto porque felizmente surgiram entre as gravilhas pedras intuitivamente atribuídas a um muro ou algo do género soterrado. Esta possibilidade confirmou-se com base em estudos arqueológicos rigorosos e hoje temos um muro romano datado do séc I a dois metros da superfície, sob a hortas da latada que ainda restam.
Acreditemos que esta descoberta seja a salvação da nossa vila e que se o que está feito não pode ser desfeito seja ao menos remediado com a paragem das obras.
Sanitário públicos em contrução a descaracterizar o largo. Cenário de completa destruição que semeia o largo da Latada
Largo onde outrora se encontravam as hortas da Latada, de aspecto irreconhecível actualmente, reduzido a uma sóbria gravilha impessoal e vazia.
Vista do interior do suposto anfiteatro com os urinóis públicos em tijolo. Uma autêntica aberração arquitectónica.
Pedras da fonte da latada deitadas ao abandono á beira da estrada. Antigos ícones, símbolos de uma povo despedaçados, reduzidos meros bocados de pedra sem qualquer significado, à mercê de qualquer um.
Bicas da latada em destaque. O que eram e o que são...
Pino Lateral da fonte da Latada
2º Pino Lateral partido
1892
Autêntica barbárie, completa destruição, desleixo total...
Desprezo pelo património herdado dos nosso antepassados