Saturday, March 11, 2006

Pendilhe um exemplo (De)crescimento

Em Janeiro deste ano foi publicada num jornal de Viseu (Notícias da Região --- http://www.rci.pt/pdf/penultimo.pdf) a seguinte notícia não identificada que refere a destruição causada no coração de Pendilhe pela remoção das Fontes da Latada:
Agora em Fevereiro, surge a resposta num jornal mensário do concelho, assinado pelo ex presidente da junta de freguesia (Ilídio Pereira Ferreira). Como se não bastasse surge na primeira página deste jornal, uma foto do largo da Latada destruído bem como dos WC's os quais, de acordo com a notícia, passarão a denominar-se, note-se, "Museu Local". Interrogamo-nos agora: para que servirá então o caixote de betão e madeira localizado junto dos canastros do Alto? Ok... isso logo se verá. Assistiremos mais tarde ao desfecho deste episódio caricato mas triste.
Apresenta-se em baixo o estado calamitoso da freguesia retratado de forma heróica, optimista e empreendedora na capa do jornal, como se o autor do artigo vivesse numa utopia metafórica à margem da realidade...
Atente-se no bloco de texto que se encontra sob a imagem:


  1. O autor do texto valoriza e orgulha-se do facto de nada restar da aldeia sem vias de comunicação dos anos 50, por oposição às ruas largas que no seu mandato se construiram, acerca das quais mostra preferência.
  2. O novo ex-libris da aldeia é apresentado como o novo largo da Latada revestido a pedra granítica, betão, tijolo e cimento.
  3. Indirectamente qualifica alguns Pendilhenses descontentes como retrógrados por amarem a memória da terra natal face ao desenvolvimento...
  4. Colocar o nome Pendilhe com letras vermelhas revela uma deselegância por parte do redactor do jornal.

O que o Pendilhense pretende não é estar contra o modernismo ou desenvolvimento mas sim integrá-lo na estética da aldeia de modo a que não se destrua o seu legado histórico.

Note-se o artigo noticioso:

  1. Logo no início verifica-se uma generalização precipitada. O autor refere que a maioria dos pendilhenses não está de acordo com a constatação da verdadeira realidade - destruição da latada. O leitor só percepciona esta ideia quando se abastrai da oração entre vírgulas no parágrafo. Calcula-se que a frase complexa que inicia o parágrafo terá sido propositadmente escrita dessa maneira para desviar a atenção do leitor relativamente à mensagem principal.
  2. Um deslize linguístico quando se dirige ao chafariz pela primeira vez na notícia, remetendo para um dúbio sentido logo prontamente reteficado.
  3. Acusa o jornal "Notícias da Região" de transmitir desinformação ao leitor.
  4. Não é necessário ao jornalista que fez a notícia publicada no jornal de Viseu acreditar em quem lha vendeu - bastou ir ao local e constatar a verdade.
  5. Se a suposta transformação tem em vista a criação de um ex-libris para a aldeia, então as noções de aceitável e os valores de tolerância e respeito estão totalmente detorpados por quem monitorizou a obra.
  6. Surge-nos uma certa questão após a interpretação do excerto "...valorizou a presença da nossa igreja paroquial essa sim uma verdadeira relíquia..." - o que é que a igreja paroquial tem de valor a mais que o chafariz?
  7. Os proprietários cederam os terrenos porque tinham, ao abrigo do código de expropriação, de cedê-los, quer quisessem quer não. Portanto tal facto não se deve à compreensão da obra mas sim à impossibilidade de rejeição ou anulação de tal acção.
  8. O autor considera o aparecimento dos vestígios arqueológicos uma dificuldade criada. O seu aparecimento foi mero acaso. Ninguém em Pendilhe fazia ideia que ruínas romanas estivessem sob as hortas da Latada.
  9. Não há local mais digno para os achados arqueológicos que o próprio sítio onde foram encontrados. Dignidade é bem diferente de interesse.
  10. É referido igualmente que o local do chafariz vai dar origem a um caixote de betão - o museu local. Interrogamo-nos então o que é que se faz ao do Alto da Lameira?
  11. A numeração das pedras consistia nuns rabiscos de tinta ambíguos, sobre a rocha. Para além disso, como foi já referido neste blog, encontraram-se durante muito tempo à beira da estrada à mercê de quem quisesse pegar nelas.
  12. O local para o qual a fonte do Barreiro foi deslocada não constitui qualquer referência da povoação, visto não ser o original e em nada se relacionar com a história do povo de Pendilhe, ao longo do tempo. A si não lhe está associado qualquer valor patrimonial, tradicional ou cultural.
  13. Sob a foto da notícia encontra-se a designação de "Largao" relativamente ao novo largo da Latada. Será que se pretendia mostrar que a obra é de uma magnificiência tal que transpõe a categoria de largo, chegando a ser uma Largao?
  14. De acordo com a legenda da figura, apresenta-se ao fundo a igreja. O que o leitor verifica é que a igreja ocupa um canto da fotografia estando ao fundo o salão paroquial e uma casa de habitação...

4 comments:

Anonymous said...

Parabéns,pro criador deste blog,é com imensa satisfação que aqui deicho o meu testemunho de apreço pelo que aqui setá escrito,sublinho todas as suas palvras, porque como nascido em pendilhe,ai vivi itensamente os primeiros treze anos da minha vida, jámais esquecendo todos esses lugares maravilhosos da minha (nossa)aldeia,não sou contra o progresso pelo contário!gosto do desenvolvimento, acho até que toda a gente gosta!mas que seja um progresso planeado e sem atentar contra o património arquitétónico e cultural da nossa Terra.A História de um Povo, faz-se preservando a memória dos seus antepassados,e as Obras que com muito "sacrificio" nos deicharam.Pendilhe nos ultimos anos tem sido vorazmente descaraterizado de Aldeia Rural que já foi, e o que fizeram ao fontnário da Latada e toda a zona envolvente foi o "tiro"de mesericórdia. Já sei Que muitos cérebros pensantes,vão-me chamar retrógado conservador etc.mas não me importo!a essas pessôas Pergunto-lhe se conheceram Chiaucescu, ex-ditador da Roménia,que tambem destruiu todo o Centro Histórico de Bucareste,para construir um méga Palácio nesse local,Eu para além de outras arbitriaridades contra o seu Povo,e depois sabem o que aconteceu a esse ditador???é preciso primeiro informar e consultar a população antes de se destruir e isso não tem acontecido em Pendilhe,tem sido a lei do mais forte que tem vingado! agora podem construir o fontanário noutro local!mas nada será como antes.com um abraço de amizade e reeiterando os meus sinceros parabens pelo blog muito bem conseguido em minha opinião.LX.73.

Anonymous said...

muito bem,sublinho todas as suas palvras.Vitor Esteves

Anonymous said...

Há uns dias largos que ando com a ideia de deixar aqui um comentário, porém por falta de engenho, na composição, ou por falta de inspiração, não o fiz até agora. Não posso, contudo de comentar. Então cá vai:
Caro "eumesmo" para além de sobrescrever todo o conteúdo da crónica sobre as obras que desventraram toda a área envolvente, entre a latada e o adro da igreja, destruindo, hortas, paredes seculares, bem... das bicas e tanques nem vale a pena falar, doi a alma só em pensar....
Todos nós conhecemos bem o senhor ex presidente da junta. Senhor bastante limitado, que muda a cor do casaco como lhe dá jeito e que para ele o progresso e modernização é fazer uns mijadoiras e umas cagadeiras, mamarrachos que nos meios ditos civilizados, estão a ser extintos, veja~se os casos dos Restauradores, Praça do Comércio, Parque e outros, mais famosos por algumas situações, consideradas desviantes do que por serem úteis ao alívio da bexiga e da tripa de cada um.
Será que vamos ter em Pendilhe os Urinóis dos Restauradores ou do Metro? Será que o Sr. Ex presidente os vai usar várias vezes ao dia? Não, penso que não. ele, até, mora perto.... Porque será.

E já agora porque não deitar abaixo o cruzeiro do Senhor dos Aflitos, ou Pelourinho e o "mamarracho" que se encontra no meio das leiras da Orca, por que não acabar com tudo o que é velho?
Uns lutam para serem patrimonio mundial, e nós?...... Paro por aqui na baboseira, quero porém dar os parabéns ao administrador, é assim que se chama?, do Blog pela coragem.
E fazer apenas um pequeno pedido, por que não mais assiduidade nisto com troca de ideias se assim puder ser.
Força.

Anonymous said...

Apoio todos os comentários acima.

nasci e vive em Pendilhe até aos meus 15 anos, (hoje moro no Brasil) e depois de 30 anos voltei e foi só emoção, renasci novamente, resgatei minha infancia, e, hoje agradeço por ter voltado em Pendilhe antes e não agora, depois dessa destruição toda.